sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Solidariedade "Antologia 54"

SOLIDARIEDADE

Há um vazio no peito humano,
Um mundo de incompletude perigosa e trágica.
É o recado da frustração e do desgaste interior
Da sociedade embriagada e trôpega
Que reside, resiste e persiste
Na cidade das trevas e da cirrose coletiva.
É o trânsito e a moradia da Falta.
É o devaneio dos tontos, dos desnorteados, dos desestruturados.
Não há lucidez, só há enganos, perdas e desespero.
Na ilusão trágica e vampiresca do ser vivido por outros
Vivemos o abismo indescritível
Dos dramas e das amputações espirituais
Que vivem na próxima espera do porre comunitário.

Mas vislumbramos o dique perfurado das agressões sociais...
Há também um calor no peito humano
Em direção ao ser que sofre, geme e grita.
É a gesticulação da solidariedade humana
Que ainda vive e se compromete com o sonho
De cantar um cântico de esperança
De que é possível recuperar a dignidade perdida.
Solidariedade é força e protesto
Contra a alienação e o caos.
É o socorro, o amparo, o alívio e o ânimo.
É dizer sim a reconstrução, ao recomeço de uma nova história
É o não ao nada e o sim à paz
É o triunfo sobre a destruição e morte da vida.

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