terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Selo Parisiense de Qualidade - Literatura Infantil - França

O Livro Infantil Histórias para dormir (meu poema foi selecionado para a contracapa)recebeu o selo de qualidade literária na França.

Medalha Personalidade 2010 - criatividade

Valéria V Valle, você foi indicada e após analise de seu perfil, foi aprovado por nossa diretoria para receber a Medalha “Personalidade 2010”. Parabéns!
Idealizada pela Academia de Artes de Cabo Frio, a outorga é uma grande homenagem a todos aqueles que brilharam durante o ano de 2010 no cenário cultural e tem como objetivo central, reconhecer e trazer a público as melhores iniciativas culturais tendo como critério: talento, criatividade, empreendedorismo, respeito e companheirismo e apoio cultural.
É a forma que a ARTPOP encontrou de reconhecer, distinguir e premiar a quem se destaca em nossa sociedade com excelência na gestão de suas carreiras, contribuindo assim efetivamente para o desenvolvimento cultural e conseqüentemente sócio-econômico de nosso país.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

LIVRO DIÁRIO DO ESCRITOR 2011

SER FELIZ

Hoje, na poesia do improviso,
Nas artimanhas do imensurável,
O amor é um embaraço...

Agora, no emaranhado do imprevisível,
Uma gostosa fragrância da incerteza,
Um tencionar insano do desejo de viver...

Amanhã, no morar dos enigmas de amar,
Uma graciosidade na surpresa,
Uma intensidade no inventar para ser feliz.

AGENDA 2011 - CELEIRO ESCRITORES

Rebento Luzitano

Sou descendente do épico e do lírico Camoniano,
Peregrino da Ilíada e da Odisséia,
E nos Mares conquistados sou vassalo Lusitano
Sou um trovador da poesia arrebatada
Que entrelaça realidade e ficção.

Sou gênese de Vasco da Gama, reinvenção épica,
Canto na minha rebenta poesia a glória de Portugal
Interpreto mais um tipo Vicentino que diverte e moraliza
Vivencio o desconcerto do mundo em Camões
Proclamo o Doce Amor de Deus de Anchieta
Transfiguro a alma em Fernando Pessoa.

No telescópio cultural da Humanidade vejo o Belo
Nas paredes da Caverna da Arte e Literatura Portuguesa
Num pacto simbolista de sons, imagens e sentidos
Que ilude, provoca, reflete e descortina o prazer.

Paradoxal e conceptista, Vieiramente admiro
A oratória emocionada e lúcida do Povo Português
Que num Locus Amoenus, ensina o Carpe Diem
Num sermão de Identidade e democratização cultural.

FRANKFURT ALEMANHA 2010

APENAS UM GOLE

Mais um dia com o fogo dos velhos goles neste mundo de tragédias. Não há fagulha de luz, só há assaltos por desejos infelizes: tudo arde interiormente e a coragem está destruída. Uma vida vivida e consumida por uma viagem perigosa, recheada de trevas. Sou a alma de um ébrio atordoado que grita e geme. Sou a chaga aberta e cheia de cuspo que queima no frio do isolamento humano.
E, sozinho, não consigo articular na concretude humana, não percebo o sentido de ser, não pratico a amalgamação com o outro, não sinto penetração ou invasão, não vislumbro nem a liberdade nem o aprisionamento...Só há o fechamento das poucas alternativas, só há o esgotamento das raras possibilidades. Sou vago, informe, flácido...
Sou prisioneiro nessa cidade estreita, recheada de restos, destroços e combates. Faço sinais na praia dos zumbis a fim de ser percebido por esta desgraçada e omissa sociedade. Meu código de silêncio estratégico não afeta as muitas pessoas doentes e corruptas que residem nessa cidade. São profissionais da angústia e da miséria que investem na decomposição do ser e existir. Usam máscara e maquiagem nos discursos: é o cinismo institucional que constitui o álcool como uma droga socializada e politizada.
E nesse presídio social, mais um gole de idiotices: brindo atonitamente a um dia sem sol, uma criança sem sorriso, um velho sem saudade e uma vida sem esperança. É a lucidez do etílico que assiste a grande piada da justiça e a cultura da impunidade. Não há respeito às recomendações éticas, só às etílicas.
Não há palavras para falar, dissiparam-se todas. Só há bafo e pupila. É a sociedade que se cala, silencia diante desse câncer social. E assim, sem fala e sem voz, animalizo, embruteço, despersonalizo e bestializo-me. Sinto-me impotente para administrar essa tendência suicida e destrutiva: sou fonte seca e árida que desertificou-se completamente. Seduzido e escravizado pela loucura do álcool, vivo a agonia de ficar sem família, sem trabalho, sem ser alguém, sem dignidade. Balbucio:
- Um brinde ao Nada.
A minha tragédia, o mal do álcool, é também a tragédia da coletividade humana. Despejamos a todo instante, densas placas silenciosas de lágrimas que denotam a amputação dos projetos de vida e de sol em busca da plenitude e realização do homem. Esse vício corta como navalha as relações sociais e familiares, tem a capacidade de transformar o poder do abraço em poder do braço, a violência prevalece, estupra a liberdade e rouba a paz. Ele é capaz de mortificar o sentimento e sepultar qualquer relacionamento, edificando assim imensas fortalezas enormes que impedem o diálogo consigo mesmo e com o outro.
Não há percepção poética da vida e nem do outro. O álcool destrói a veia poética e os encontros com a vida são feitos em clima de tensão, discussão e agressão. As palavras e atitudes são duras, ásperas, venenosas: ossificam...coisificam... E angustiadamente murmuro:
- Estou morto!
É a morte da abertura, da disponibilidade, do partilhar, do compartilhar, da condição de ser e fazer na vida. É a caminhada inexorável para o caos social e a exclusão comunitária. E mesmo na dimensão da morte, ainda procuro ouvir ansiosamente uma voz que me convide para um posicionamento moral, uma vida sóbria, uma prática lúcida, um gesto sensato, um objetivo ético. Não ouço...Estou apoiado na muleta do álcool, preciso da bengala da bebida para encarar os conflitos pessoais, conjugais e sociais. E desesperadamente choro e grito:
- Estou sangrando, minhas cicatrizes estão abertas, sinto o gosto amargo do fracasso...Sinto-me asfixiado...desfaleço diante da crise...estou morto. Preciso ingerir mais alguns goles de ilusão.
É o corpo que engole todos os estágios da destruição e da morte prematura do ser: a tolerância da bebida, a dependência física, (in)consciência da necessidade com maior freqüência e quantidade, distúrbios psicológicos e emocionais, a subjetividade e o intelecto atingidos drasticamente. É o lamento compulsivo da sociedade alcoólatra que pluraliza a experiência destruidora do álcool: uma droga que tem uma imensa capacidade de conquistar e nunca se deixar conquistar.
A sociedade egoísta e hipócrita não quer ver a alma, o interior do alcoólatra. Ninguém tem tempo para ouvir um pouco do lamento e da angústia que sai do peito de um homem que está aprisionado neste pesadelo. Ninguém quer ouvir as queixas, os ais, as rixas, as feridas sem causa, os olhos vermelhos de um alguém encabrestado pela droga. Poucas pessoas compreendem a sensibilidade de um alcoólatra, um ser perceptivo às contradições e as esquisitices da história humana que se recusa a enxergar um mundo tão sem sonho e sem a magia da esperança.
No caminho para se perder o sentido do viver , esbarramos em cacos e restos espalhados pelos bares e festas da vida: a prostituição, a traição, a falsidade, a inexpressividade, a fuga, a transitoriedade, a futilidade, o cinismo, a mentira, a perversidade, a desgraça... Assim, a visão a respeito da vida desintegra-se e desarticula-se. É a despersonificação social dramática e irreversível. O ébrio torna-se uma ilha solitária que segue gemendo sua solidão nos bares, fazendo da boemia sua parceira na solidão e do copo o sócio de sua condição de miserável impotente e abandonado.
E nessa viagem sem volta, a única linguagem existente é aquela que gera a dor, o lamento, o sofrimento, a amputação, o drama e o desespero. Como companheiros inseparáveis dessa viagem temos a apatia, a negação da vida, o abortamento da realização, o corte na construção e a ruptura com o amanhã.
Chega ao fim a novela interminável da desgraça que tudo inferniza. Não há esforço de restauração e recuperação da dignidade de ser simplesmente gente. Comemoro tal constatação com novos goles e gritos:
- Deus! Sem futuro lúcido, sem projeto para o hoje, sem sonho, sem objetivo, sem sentido, realmente estou morto e enterrado vivo por mim mesmo e pelos outros. Um único gole! Um gole cheio de desespero será tomado em homenagem à sociedade e sua solidariedade. Um brinde especial... À Morte.

POESIA E PROSA - VERÃO II

ÊXODO


Exilaram-me de minha pátria e de mim mesmo. Um parto e uma partida madrastas diante da angustiante vida que me assola em terra longínqua e desconhecida. Um frio interno e intenso: ausência do outro.
Sem direito a despedidas e enlaces, fui banido dos sentimentos e vivências complexas das pessoas que me cercavam. Ninguém impediu que eu fosse ou pediu que eu ficasse. Naturalmente engoli uma despedida forçada de quem nunca quis ir, só ficar...
Arremessado para um caos social ideologicamente organizado sinto falta de mim. Quem sou? ... Apesar de saber quem são os meus pais e ser tatuado com o símbolo do Brasil e gente brasileira, não consigo encontrar-me. Abraço desesperadamente as fotos de infância tentando através da passagem ali mostrada encontrar marcas e significâncias do que fui e um resto do que ainda sou. Leio e releio e-mails antigos na esperança de através da linguagem resgatar fragmentos do outro em mim, mergulho no trabalho desgastante e as lacunas da alma e do coração não são preenchidas, sempre falta algo e alguém. Estou condenado à eterna e incansável busca pelo saciar de mim em mim mesmo. É a crise e a crise.
Minha língua mãe e a outra mãe adormecidas em terras diferentes balbuciam:
_ Não, você não tem ninguém, você não é nada, você é nenhum..
Neste convívio especular de milhões de seres e máscaras instáveis brigo com a ilegalidade e a perseguição do estranho. Não sou eu, são os outros que são também parte de mim.
Respiro um medo lancinante: imagino o paradoxo de ser diversos band-aids que confusos tentam cicatrizar os estilhaços lançados pelas pátrias, família e amigos. Sou ainda, a saliva seca e brilhante num refluxo de distanciamento e aproximação: um vazio enorme...um hiato inominável... Recordo-me...
Diante de uma foto antiga e embaçada persigo reminiscências ausentes: a banda de música, amores, faculdade, amigos, parentes, pais... Doloridos cortes, graves feridas e bruscas rupturas...Reflito... Existo?!
A vida, madrasta má, mostra-me o quanto as sombras podem interferir, invadir e ferir intensamente o lado de dentro e por dentro de alguém. Uma ardência latejante consome o meu desejo de voltar a ensimesmar e enfrentar os outros, diferentes de mim. É o basta ao processo de avestruzamento. Refaço-me...
Sem despedida nenhuma, como sempre, choro por não ter sido e pelo ainda não ser. Sou apenas coisificação: vendo a guitarra e o baixo, compro a passagem de só-ida a preço insignificante. Só há saída para qualquer lócus da falta. Sou objeto do tempo, da festa rave e dos shows de nü metal. Sou pressão e depressão diante das violentas máscaras presentes nesta terra de gigantes, diferente e alheia ao que ou quem sou... Recomeço a caminhada, decido o percurso. É a tentativa de identificação. Rumino...

PRÊMIO BURITI 2010 - MENÇÃO HONROSA

RONCO DA ALMA.

XXX CONCURSO INTERNACIONAL VIVÊNCIAS 2010

GALEIRA BRASIL 2010 - GUIA DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS

TEMPO DE POLÍTICA.

MEHORES CONTOS 2010 - CBJE

LAÇOS


A viagem prossegue num ritmo incomum como sempre. Venho do interior de mim e vejo que a sua saída amarga torna-se evidente, apesar das nossas conversas, dos nossos olhares, dos nossos textos em comum e da minha súplica silenciosa... Você apenas sai e vai. Sem despedidas, sem laços.
Revejo ainda seu vulto magro, cabelos soltos e brilhantes, músculos bem delineados, olhos decididos e libertos. Ouço sua voz fresca e macia que pronuncia enigmaticamente:
- De alguma forma amo a quem já amei...
Na travessia do meu rio sem pontes, o seu amor não vacilou ao passar pelo canal estreito construído pelo meu desejo e desespero. No meu velho e invisível barco marcado de naufrágios, você desceu as escadas de ferro, alisou mais uma vez os meus poemas e disse-me:
Sei que sou o primeiro a mergulhar no seu rio...
Não consegui ouvir muito bem o restante da frase, um zumbido irritante apossou dos meus ouvidos. Apenas consegui balbuciar insegura:
- Ninguém vem até mim só para entretenimento e para exploração. A minha realidade é outra, já cuidei para que não ameacem e agridam o meu sorriso meio triste e o meu verso, ainda silencioso.
- É claro. Estou certo disso. - Disse-me sorrindo e retirando-se com indiferença das minhas águas.
Durante a minha pequena viagem interna, isolada no meu lugar, temendo alguns ecos e encontros noturnos que já conhecera em outras viagens, decidi não conversar com ninguém. Nada queria ouvir, só queria sentir. E senti absurdamente a sua ausência.
Afobada e aborrecida, ainda quis culpar o acaso ou uma inspiração infeliz dizendo em voz alta:
- São pequenas memórias desvairadas que estreitam os meus vários lados... É só, e não estou só.
Exausta e absorta em meus pensamentos, imaginei que me adaptaria com relativa facilidade às novas situações da realidade sem a sua presença. Mero engano, transferi-me imediatamente para o seu mundo, não suportei a ausência de mim em mim mesma. Agarrei-me às fantasias que você costuma criar, e sem perceber, acabei impondo-as a mim. Agora tento reinventar o seu desejo, já aniquilei o meu. São sensações e circunstâncias recheadas de delírios, instabilidades e outras sombras sedutoras que entrelaçam os seus caminhos e estilhaçam os meus. E sofro, e dói...mas vivo.
Volto ao meu interior, ao meu antigo lugar. Entro e fico. Numa recusa pronta e ríspida, cegamente olho a paisagem através dos seus olhos e recordo o passado recente: a primeira e única pessoa a mergulhar nas minhas águas... Num gesto de defesa e fuga, reato os laços. Só vejo sonhos íntimos e selvagens, desvinculados da ideia de emancipação. É a viagem, é a via, é a única via...

ANTOLOGIA LITERÁRIA CIDADE V - PARÁ

AVESSO

Na frágil teia da vida
Um amor escolhe um outro
Libera motivos e nos deixa cativos
Fascinantemente débeis
Restam sobras e migalhas do passado
Um gosto de amor em transparência
Que faz coisas inusitadas, esquisitas e idiotas

No paradoxo desejo e indecisão
Nos seus lábios eu me devoro
Inexplicável, ininteligível e mágico
O mais breve dos encantos
Desenho você em palavras
Escritas com cristais brilhantes do seu olhar
Olhos de topázio: duros e claros


Numa sinfonia de suspiros
Respiro o adorar pelo avesso
Uma vontade de morar dentro do outro
Desejo e Sou
Amante da paixão intrigante
Lágrima de irrigar o prazer
Dor para lapidar o viver.

VOZES DE AÇO VI - 2010

SORRIR SÓ, SUSSURRO e FLAGELO.

VOZES DE AÇO VI

Antologia Bienal Internacional de São Paulo 2010

Poesias FLAGELO e PRECISA-SE DE LOUCOS.