Ciúmes, eu?
No clássico sentimento que alimenta a literatura
O simples zelo do ciúme transforma-se em obsessão
Realidade fúnebre irradiada da mente insana de amor
Masmorra construída com as pedras do coração.
E esse ciúme como sinônimo de cuidado
Passa a ser a verdade na mentira que se vê
Busca frenética de confirmações de suspeitas
Exercício absurdo de perseguições imaginadas
Angústia e tormento da eterna rivalidade
Para o ciumento, as relações
Surgem sorrateiras e molestantes
Amor e dor de troca torturante
Face competitiva da inveja de amar
Essa sensação se infiltra avassaladoramente
Como ausência ou excesso de amor
O cuidar transforma-se em possuir
Foge da razão, libera a emoção
Denuncia a falha da insegurança intima
E nessa conduta obsessiva
A moeda paga é o desconforto do apego
Pelo medo de perder o objeto tão desejado...
Ciúme excessivo tem lente de aumento
Um intruso que ameaça a propriedade exclusiva...
Eis a grande sobra da inquietação
Potencialização da insegurança
Que assombra a paz de espírito
Que excita o pavor do abandono...
E se contido o fogo do ciúme
O que resta como vitória e prêmio
É a solidão, Companheira inseparável do ciumento!