domingo, 13 de junho de 2010

PASSAGEM ROUBADA (Minirrevista Literária Contando e Poetizando/ Diálogos)

Vê...
Eis que no poema perdido descobri
Seu castelo num céu translúcido e ambivalente
Que esconde o noivo do Sol e a nuvem flutuante.
Pense...
Eis que no poema perdido percebi
Um coração dividido com asas de borboleta
Que corre, foge e se oculta na incerteza.
Sinta...
Eis que no poema perdido escrevi
Palavras clandestinas, desaparecidas e roubadas
Que calam, sorriem e ficam na instabilidade.
Espera...
Eis que no poema perdido despi
O seu porte e aspecto transfigurado
São lágrimas mornas num mar amoroso.
Crê...
Eis que no poema perdido libertei
O calabouço do beijo inacabado e confuso
São silêncios inquietantes e questionadores.
Recorde...
Eis que no poema perdido partilhei
As dolências da pedra colorida e do delicado lírio
São prelúdios de abertura e desejo.
Ouça...
Eis que no poema perdido pronunciei
Vozes, murmúrios e gemidos
São profundas ondas nas águas adormecidas.
Inflame...
Eis que no poema perdido nasci
Do lamento, do tormento e da partida
O Sol não levou, eu fui na sua permanência.
Desconstrua...
Eis que, no poema perdido desarticulei
O pensamento, a meditação e o ensaio
São lócus do sofrimento e da existência.
Banhe...
Eis que no poema perdido desapareci
E ainda permanece o fantasma do não
São ressonâncias e inconscientes.
Fecunde...
Eis que no poema perdido renasci
No entendimento, no encontro, no insólito
São as voltas breves para um retorno indeterminado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário