domingo, 13 de junho de 2010

MENINO POEMA (Folhetim ULA - Livro Retrato 4 X 4)

Gosto indizível de menino pensativo
Que vive só de viver
Que derrete a adolescência
E reinventa a velha voz
Nas novas maneiras de sentir
O estar e o pulsar dentro das letras.

Na incerteza da história
Feliz com a mentira
No mundo do esconde-esconde
Escala as tranças da literatura
Exala a fragrância do verbo
Areando os dentes da linguagem
Na lógica da contradição
No resgate da unidade perdida.

Num cheiro de terra molhada
Do sabor de chuva salgada
Ouve a goteira na lata
Abre mão do seu silêncio
Vozes inaudíveis
Na vontade de eclodir na frase bifurcada
Na loucura mansa pelo texto humano
Tão recheado de construções imaginárias
Com cheiros e sabores de signos.

É o desmanchar-se em leituras
É a alma de escrituras
É a língua descarnada e concisa
É a risada escancarada da poesia
Predadora do poema menino.

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