quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Seca - (Livro Diálogos) 2004

Desculpe-me se,
Balbuciei e escancarei o meu discurso.
É a imaturidade e o êxodo existencial.
Encontro-me perdida na própria interioridade humana.
O nervo da crise está exposto,
Experimento o gemido do niilismo
E só enxergo retiradas estratégicas hipócritas.
Talvez o meu processo de “avestruzamento”
Seja uma forma de manter-me viva
De andar para não morrer.
Desculpe-me se o agredi com a minha desordem interior.
É a crise de cada dia.
Desculpe-me
Por estar fora da sua pré-visão
Por perder os pontos de interrogação
Por não acontecer na tribulação
Por não ter futuro e nem pra dentro
Por não descortinar o belo psicológico.
Desculpe-me
Por ser o cansaço da caminhada
Por ser Hagar que vive a ausência da espera e da esperança
Por ser Severina que não preserva mais o sonho
Por ziguezaguear titubeante pelo oásis
Por ser negação da esperança
Por adoecer, ficar na cama e entrar em coma
Por ser negociante no crediário avesso da morte
Por ser o o ex, o des e o res na urdidura da vida
Por ser conflito, desagregação e tragédia
Por ser a tragédia de esperar o que só nos faz desesperar
Por ser a morte trágica da fantasia.
Desculpe-me
Por ser o ainda-não
Por ser o ainda não é
Por ser o ainda por fazer...
Não há choro, não oro
Só há o esvaziamento.

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