sábado, 9 de junho de 2012

PADECER


A cegueira da razão não nos permite ver

A lã vermelha que fiamos nossos sonhos,

Os vidrilhos esparramados pela mesa

Que enfeitam e constroem os bordados da vida.

Tateamos apenas insignificantes nuances

Do que dizem amor.

É o amar que se ama sofrendo e se sofre amando...

Os bolsos internos dos nossos desejos

Estão recheados de medos e ansiedades.

Exaustivo é esconder os fantasmas

Que nos obrigam a olhar no espelho

A fim de contemplar nosso próprio padecer.

Entre precipícios e infernos

Perseguimos a subjetividade que nos escorre pelos dedos.

Tentamos relembrar as zonas submersas da alma

E não há umidades, só há ocultamento.

Amor, sujeito indeterminado.

Nossa recusa insana busca a margem da margem,

Prática desnaturada e incômoda... o ser diferente.

A objetividade impõe-se imprescindível e

O lócus do desatino social, não tem fundo,

E se aprofunda tornando-nos impotentes, infelizes.

Amor, sujeito elíptico...

Amassamos as emoções já disformes e sem vida

Desgastamos e destruímos qualquer fonte de prazer.

Amor, sujeito inexistente...

O amor tem a propriedade de viver em trânsito

E simplesmente transita no devaneio da morte,

Da morte do sentimento perecível e mutável.

Amor, sujeito da emoção e sujeito à razão.

Enigma do viver amor.

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