A cegueira da razão não nos permite ver
A lã vermelha que fiamos nossos sonhos,
Os vidrilhos esparramados pela mesa
Que enfeitam e constroem os bordados da vida.
Tateamos apenas insignificantes nuances
Do que dizem amor.
É o amar que se ama sofrendo e se sofre amando...
Os bolsos internos dos nossos desejos
Estão recheados de medos e ansiedades.
Exaustivo é esconder os fantasmas
Que nos obrigam a olhar no espelho
A fim de contemplar nosso próprio padecer.
Entre precipícios e infernos
Perseguimos a subjetividade que nos escorre pelos dedos.
Tentamos relembrar as zonas submersas da alma
E não há umidades, só há ocultamento.
Amor, sujeito indeterminado.
Nossa recusa insana busca a margem da margem,
Prática desnaturada e incômoda... o ser diferente.
A objetividade impõe-se imprescindível e
O lócus do desatino social, não tem fundo,
E se aprofunda tornando-nos impotentes, infelizes.
Amor, sujeito elíptico...
Amassamos as emoções já disformes e sem vida
Desgastamos e destruímos qualquer fonte de prazer.
Amor, sujeito inexistente...
O amor tem a propriedade de viver em trânsito
E simplesmente transita no devaneio da morte,
Da morte do sentimento perecível e mutável.
Amor, sujeito da emoção e sujeito à razão.
Enigma do viver amor.
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